O segundo semestre do ano iniciou com reversão de tendência e a inflação de custos está de volta. Os custos de produção de leite interromperam uma trajetória de queda contínua desde abril. Em julho, houve quebra desta tendência e os custos tiveram expressiva elevação, com destaque para a alimentação baseada em milho e soja.
17/08/2023 - O segundo semestre do ano iniciou com reversão de tendência e a inflação de custos está de volta. Os custos de produção de leite interromperam uma trajetória de queda contínua desde abril. Em julho, houve quebra desta tendência e os custos tiveram expressiva elevação, com destaque para a alimentação baseada em milho e soja – cereais que tiveram recuperação de preços no início do mês – impactando os custos de alimentação, principalmente a ração comprada pronta. O grupo “Concentrado” fechou o mês com inflação de 1,6%.
Outros dois grupos contribuíram para o retorno da inflação de custos. O grupo “Sanidade e reprodução” teve elevação de 1,3% e o grupo “Energia e combustível” de 0,6%, motivada principalmente por elevação de combustíveis. O grupo “Qualidade do leite” também registrou variação positiva de custos (0,2%).
Dois grupos tiveram queda de custos. O grupo “Minerais” teve variação de preços de -2,9% e os custos de produção de “Volumosos” de -0,6%. O grupo “Mão de obra” não registrou variação e “Sanidade e reprodução” teve 1,3% no crescimento de custos no mês. Os dados constam do Gráfico 1.
A variação de custos nos sete primeiros meses do ano mantém a tendência de deflação de - 4,3%. A alimentação dos animais é que explicam este desempenho, pela magnitude de variação observada e pelo peso que o item tem na produção de leite. O grupo “Concentrado” teve variação de -13,3%, seguido pelo grupo "Minerais", com -12,4% e o grupo “Volumosos”, com deflação de - 11,8%.
Quatro grupos registram inflação no acumulado do ano. O grupo “Qualidade do leite” teve aumento de custos de 22,1%, seguido pelo grupo “Energia e combustível”, com 18,7%, pelo grupo “Mão de obra” com 11,3% e pelo grupo “Sanidade e reprodução”, com variação de 3,9%. Os dados constam do Gráfico 2.
Em doze meses, o ICPLeite/Embrapa acumulou uma variação de -4,5%. Os itens de custos que têm formação de preços no mercado internacional tiveram forte elevação no primeiro semestre de 2022, em função as expectativas criadas pelo início da Guerra na Ucrânia. Mas, nos meses subsequentes, os preços foram caindo e isso explica, em grande parte, a retração verificada.
A diminuição ocorreu em três grupos. “Volumosos”, “Concentrado” e “Minerais”. Assim, dado o peso relativo da alimentação no custo de produção de leite, representado pelos grupos citados, o ICPLeite registrou deflação no acumulado de doze meses, mesmo com quatro outros grupos apresentado elevação de preços nos itens que os compõem. Os dados são apresentados no Gráfico 3.
A deflação nos preços dos insumos ainda reflete a súbita elevação dos seus preços, ocorridos no primeiro semestre de 2022. A tensão gerada pela guerra entre Ucrânia e Rússia promoveu um overshooting; ou seja, uma brusca elevação nos preços, motivado pelas incertezas iniciais. Com o passar dos meses este quadro de instabilidade foi se dissipando, com reflexos diretos no ICPLeite.
O Gráfico 4 mostra a tendência de queda no custo de produção de leite ao longo de doze meses e a inflação de custos registrada em julho interrompe este processo contínuo. O mês de agosto irá mostrar se nova tendência altista estará se configurando ou se julho foi apenas um “soluço”.
Fonte: Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa)