Sabemos que a água é um recurso natural fundamental para produção leiteira. Ela está em tudo, na água que o animal bebe, na água para higienizar equipamentos e instalações, no resfriamento dos animais, no manejo dos resíduos, na irrigação, etc.
JULIO CESAR PASCALE PALHARES
15/03/2022 - No último dia 22 de março se comemorou o Dia Mundial da Água. A data faz parte do calendário da Organização das Nações Unidas (ONU) e neste ano teve como tema o uso das águas subterrâneas.
Sabemos que a água é um recurso natural fundamental para produção leiteira. Ela está em tudo, na água que o animal bebe, na água para higienizar equipamentos e instalações, no resfriamento dos animais, no manejo dos resíduos, na irrigação, etc.
Para conhecer um pouco mais sobre como os produtores(as) estão manejando esse bem tão precioso e identificar oportunidades de ações que auxiliem a cadeia produtiva do leite em melhorar o manejo da água e dos resíduos, a Embrapa Pecuária Sudeste em parceria com o MilkPoint realizaram uma enquete sobre o uso da água e o manejo de resíduos na atividade leiteira.
Quando perguntado se na propriedade existe a medição do consumo de água e que tipo de consumo é medido, o uso da água na sala de ordenha aparece como o ponto de consumo com maior frequência de medição, 61%, seguido do consumo pelos animais, 58%.
Fonte: Pesquisa realizada no MilkPoint.
Numa propriedade leiteira os dois maiores consumos de água estão na sala de ordenha e na água de bebida do rebanho. Caso essa propriedade tenha área irrigada, dependendo do tamanho da área, este poderá representar o maior consumo.
Medir o consumo da água na sala de ordenha é importante não só para saber quanto consumimos do recurso nas práticas de limpeza de equipamentos e instalações, mas o volume consumido refletirá a quantidade de efluente (água suja) que teremos que armazenar na esterqueira/lagoa ou tratar no biodigestor.
Se fizermos a relação da água consumida por dia pelo número de vacas em lactação e pelo volume de leite, teremos dois indicadores de eficiência hídrica que podem nos auxiliar em avaliar o desempenho hídrico da atividade leiteira.
Importante destacar que 30% dos respondentes disseram que não tem sistema de medição do consumo de água. Não há como manejar o que não conhecemos.
Medir o consumo de água deve ser a regra em todas as propriedades leiteiras. Só assim poderemos saber se estamos sendo eficientes no uso do recurso.
Quando perguntado a quantidade de água que o produtor(a) achava que consumia na limpeza da sala de ordenha, 53% responderam entorno de 30 Litros/vaca em lactação/dia, 28% 50 Litros/vaca em lactação/dia e 19% mais de 100 Litros/vaca em lactação/dia.
Fonte: Pesquisa realizada no MilkPoint.
O consumo de água na sala de ordenha é influenciado por vários fatores, exemplos:
Se é feita a raspagem do esterco antes da lavagem (79% responderam que SIM). Raspar antes de lavar significa menor consumo de água;
Se lava com água com pressão. O uso da água com pressão também significa menor consumo de água;
Se o piso está em boas condições (não apresenta frestas e rachaduras);
Se a mão-de-obra foi capacitada em como fazer a lavagem de forma correta;
Se pessoa é a mesma em todas as lavagens ou existe uma variação entre as pessoas e até mesmo se quem lava é homem ou mulher.
Imagem 1. Raspador simples para retirada do esterco antes da lavagem do piso.
Imagem 2. Piso da Sala de Ordenha com frestas e rachaduras. Isso significa maior consumo de água na lavagem.
79% dos produtores(as) responderam que o destino da água de lavagem da sala de ordenha é a esterqueira/lagoa. 3% tratam essa água em biodigestores e 9% fazem a aplicação direta no solo.
Fonte: Pesquisa realizada no MilkPoint.
A esterqueira/lagoa tem a função de armazenar o dejeto por um período de tempo até o uso como fertilizante. Suas vantagens são a simplicidade de operação e baixo custo de investimento. Como desvantagens a necessidade de área agrícola para destinação do dejeto e o resíduo final ainda apresenta alto potencial poluidor.
Para que haja segurança ambiental no uso dos dejetos, efluentes, biofertilizantes, lodos, material de compostagem como fertilizante e que se aproveite ao máximo os nutrientes presentes nestes materiais, a aplicação no solo deve ser feita considerando o Balanço de Nutrientes e os quatro Cs:
Produto certo;
Taxa certa;
Tempo certo;
Local certo.
Imagem 3. Os 4 Cs para o uso dos resíduos como fertilizante.
A última pergunta foi sobre o que o produtor(a) precisa fazer para economizar água na propriedade. 42% responderam que precisam investir em equipamentos e máquinas mais eficientes no uso da água. 30% não medem os consumos, então precisam começar e medir para depois saber se é necessário economizar. 27% responderam que já
fazem todo o possível para economizar.
Fonte: Pesquisa realizada no MilkPoint.
O manejo da água e dos resíduos deve ser diário na atividade leiteira. Como citamos aqui, já existem vários conhecimentos e práticas de como fazer isso de forma correta.
Toda propriedade deve ter um programa de boas práticas hídricas e de manejo dos resíduos, pois isso traz benefícios ambientais, econômicos e de qualidade de vida para o produtor(a) e sua família.
Aqueles que já estão medindo seu consumo de água, PARABÉNS! Agora é hora de transformar essas informações em ações que promovam a eficiência de uso do recurso. Aqueles que ainda não medem o consumo de água vale a regra, NUNCA É TARDE PARA COMEÇAR! Conheçam como estão utilizando a água e aí poderão propor ações para economizar esse recurso tão fundamental para a atividade leiteira.
Fonte: MilkPoint